terça-feira, dezembro 08, 2009

“ÉSTE ÉS MI PAÍS”


foto: reprodução

Dirigindo seu velho carro, modelo antigo, um desses rabo-de-peixe da década de 50, ela seguia pelas ruas de Havana em Cuba, rumo a mais um dia de trabalho. Ocupava-se com o turismo local, oportunidade que conseguira por ser poliglota, falava perfeitamente o inglês e o francês. Durante seu trajeto, observava prédios seculares, carentes de reforma, muita sujeira, mofo e pobres animais abandonados, perambulando sem destino algum, naquele calor infernal. Toda essa ambientação aliada às privações, pobreza e sofrimento, só faziam culminar, mais e mais, seu intenso desejo de fugir dali numa daquelas barcas improvisadas rumo a Maimi beach. Mas essa idéia não era das melhores para deixar a ilha, seria mais fácil tentar pegar carona num daqueles furacões horrendos, que cismavam de aparecer por ali destruindo tudo, do que bancar a clandestina. Seu desejo começou a ganhar real proporção quando, num dia de trabalho, conheceu um americano. Foi o amor a primeira vista e o desejo intenso de deixar aquele lugar que mudou sua vida. Casou-se com ele e foi para os Estados Unidos. Lá teve tudo que não tinha antes: casa confortável, frutos do mar, uma boa garrafa de vinho e muitos dólares. Como em todo início de casamento ela adorava tudo, até o momento em que se sentiu oprimida novamente, dessa vez não pelo seu país, mas por um homem ditador. Aquele que realizara seu sonho, agora a impedia de trabalhar e não permitia que ela pusesse os pés fora de casa sem antes dizer onde estava indo. Quatro anos se passaram e ela divorciada, estava de volta a Cuba. Uma Cuba com novos ares, graças a saída do presidente Fidel Castro, agora sob o comando de Raúl Castro, seu irmão. A imagem que se tinha antes do país caribenho começa a mudar, algo percebido nos bares, restaurantes, e nas lojas. O que era proibido, agora se encontra para o consumo daquele povo, celulares, DVD´s e computadores. Timidamente, ela entra no bar, se senta, e com um olhar esperançoso, diz para si mesma em voz alta: “éste és mi país”, e numa golada mata sua sede com uma Coca-Cola, algo inimaginável antes.

domingo, novembro 29, 2009

Inocente Maldade
foto: reprodução
Jovem, bonita, admirada por suas belas curvas, jamais pensou que teria de entrar no bisturi de forma tão repentina. Aparentemente não havia nada de errado em seus seios. Talvez o problema não estivesse neles, mas em sua cabeça dominada por sua ganância, vulnerabilidade, fraqueza e um bocado de má influência. Sentada na clandestina sala de cirurgia, ela aguardava a sua vez, decidida e convencida do que faria. Mal sabia que tomara a pior decisão de sua vida ao lado da pessoa que lhe transmitia aparentemente, a maior segurança do mundo, o seu namorado. Iludida no sonho de gastar todo o seu tempo com viagens, comprando roupas e perfumes caros, porém sem dinheiro suficiente para tal realização, cegamente se deixou levar pela lábia dele, cheia de falsas promessas. Seu amor era intenso, sentia-se totalmente amada e protegida ao seu lado. Após a retaliação do bisturi, o par de seios que daria amor e alimento, perdera a sua função fraterna, para servir aos traficantes e a todo o tráfico organizado. Um desses traficantes era o seu namorado. Ela sabia de tudo, mas mesmo assim o amava e compartilhava de toda aquela vida suja e ilícita. Gostava do perigo, este relacionamento lhe dava um prazer pirado, igualmente às falsas sensações de bem estar e euforia que as drogas proporcionam e que posteriormente te levam para o buraco. Seus seios, a partir daquele momento, passariam a ser o esconderijo perfeito da cocaína, do ecstasy e da maconha. Seu corpo agora estava pronto para servir de transporte dos pós, das pílulas e das ervas. Ela estava a serviço do tráfico. A sua esplendorosa beleza enganara por muitas vezes toda a inteligência da polícia, burlando qualquer fiscalização que aparecesse em seu caminho. A ilegalidade passara longe daquele olhar falsamente imaculado, driblando a todos. Com a droga alojada em seu corpo foi para vários lugares e conheceu todos os destinos onde a mercadoria deveria ser entregue. E como num final clichê para quem leva esse tipo de vida, ele foi morto e ela não tem mais tempo para gastar com suas falsas ilusões. Da cadeia espera a hora de sair e se redimir a todas as vidas que se foram com um dedinho da sua inocente maldade.


terça-feira, outubro 13, 2009

Durante o Expediente

foto:reprodução

Acostumados com uma relação cheia de amor, onde o poder se alternava num jogo de sedução, segredos, carícias e as desavenças habituais que todo casal normal vivencia, eles se deparavam ali, lado a lado, não dividindo apenas a mesma cama, mas a sala de reuniões, os eventos profissionais e as viagens de negócio. Há relação que agüente tudo isso, esse excesso de presença um do outro, até no ambiente de trabalho? Acredite, pois existem relacionamentos que perduram deste modo. Ela se sentia confortável em saber que ele estava presente na sala ao lado e que se batesse aquela saudade, sorrateiramente levaria a ele um impresso qualquer, sem importância alguma, só para matar o desejo de vê-lo. Apenas isso, vê-lo. Nada de beijos e mãos dados pelos corredores da empresa. Como eram sábios e corretos. Vendo os dois trabalhando, com o passar do tempo notava-se que a cumplicidade entre eles só aumentava. Ciúme obsessivo, desses que as mulheres têm, aliados a possessão e curiosidade em controlar telefonemas e emails não caberia naquela relação. Se algum dia for trabalhar com seu marido, livre-se dessas características, ou melhor, livre-se delas independentemente da situação, ou seu casamento estará fadado às ruínas. Quem achava que eles não tinham tempo para sentir saudade um do outro, enganava-se redondamente. Após o expediente voavam para casa e assim como qualquer casal, namoravam, assistiam TV e trocavam suas experiências do dia. Problemas do trabalho eram discutidos no trabalho, problemas de casa, discutidos em casa. Ótimo, pois não há nada mais desagradável que presenciar uma briga de casal, aliás, presenciar qualquer briga acaba por ser uma agressão a nós mesmos. Viva e não se permita presenciá-las. Será melhor! Sem nenhuma fórmula mágica, o amor e a sabedoria andavam juntos naquela relação, assim como toda relação deveria ser, enriquecedora em todos os sentidos.

sexta-feira, setembro 25, 2009

foto:reprodução
Jogo de Desejos

Existem situações que são inevitáveis. Com ela foi assim ao se apaixonar loucamente por aquele homem mais velho que poderia perfeitamente ser seu pai na fila do supermercado ou dirigindo o carro. Seus cabelos grisalhos, exalando sedução, inteligência e experiência de vida, fez com que ela ficasse totalmente atraída por ele. Não mexeu uma palha para tentar esquecer aquele quarentão e de cara encarnou o estilo Lolita do russo Vladimir Nabokov - livro publicado em 1955. Corpo de menina, meio mulher, ela o seduzia com seu olhar inocente, na certeza de que o teria. As mulheres que tem uma caidinha por homens mais velhos na realidade querem estabilidade, segurança afetiva, emocional e porque não material? Na verdade todos nós necessitamos de segurança. Ela queria um homem experiente e o teve. Ele então lhe deu a experiência que tanto queria e em troca recebeu frescor, sonhos e planos, como se tudo na sua vida tivesse voltado no tempo. Ao lado dela se sentia mais forte, potente e útil. Com aquele namoro ele esbanjava vitalidade e divertimento. No quesito a dois ele só tinha uma preocupação, a de lhe proporcionar prazer intenso. Está gostando da idéia? Ela adorava tudo, principalmente as preliminares, quanta criatividade! A maturidade dele era sem dúvida um grande atrativo, até que ela descobriu que com os anos de vida ele também carregava um kit família. Que situação! Ex-mulher e filhos. Levantou então a bandeira branca a seu favor. Dos filhos dele se tornou amiga e foi aceita no território. A ex, fingiu que não existia, pelo menos tentava. O mais inusitado foi quando alguma de suas amigas a perguntou se os filhos dele eram gatinhos. O que ela respondeu? O que conveio no momento, nessas horas não existe regras de etiqueta para serem seguidas. Alguns familiares torceram o nariz para a relação. Então eles ligaram o foda-se e lembraram a todos quem pagava suas contas. Nesse jogo de desejos, vaidade e poder, eles se conquistaram, cada um com seu fascínio.

domingo, setembro 13, 2009

foto: reprodução

Amor sem cor!

Se tivesse vivido séculos passados, com certeza ela seria filha de um barão, desses bem ricos, donos de muitos escravos. Seria também totalmente contra a escravidão e a melhor amiga de Princesa Isabel. Testemunharia a amiga oferecendo-a uma caneta de pena para assinar a Lei Áurea, libertando todos os negros de tamanha crueldade. Pouco importaria com sua nobreza familiar, abriria mão de um casamento armado, imposto por sua família e sem amor, para viver uma grande paixão ao lado de seu príncipe africano. Essa paixão fervorosa com gostinho proibido, descumprindo todas as ordens do pai e da sociedade da época, teria mais forças e resistiria a qualquer obstáculo imposto. Com a efervescência do amor, da liberdade e da igualdade, já no século XXI, ele estava bem ali, não numa senzala, mas na academia, ao lado de uma dama branca. Seus atributos, sua beleza física e aquele seu gingando solto no andar, assim como os de seus ancestrais, a deixava calorosa a espera de seus beijos e carinhos durante a execução dos exercícios. Muitos ali se indagavam, tentando imaginar qual seria o sabor daquele beijo vindo daqueles lábios. Ela sem pudor algum, respondia a todas as perguntas feitas por pensamentos alheios e para os quatro cantos do mundo, que aquele era o melhor beijo que já havia recebido. Formavam um belo casal, afinal de contas, cada um tinha a sua beleza e o mais importante, irradiavam o amor. Ela branca e ele negro. Enganava-se quem enxergava aquele relacionamento inter-racial como uma relação baseada por algum tipo de interesse. Pensar que aquela união só existiria por um possível prestígio social ou dinheiro era sem cogitação. Pensamento mais que ultrapassado! O amor não escolhe cor. Aquele definitivamente era o relacionamento mais puro já visto. Comprovado através dos olhares cúmplices de um para o outro. Da academia eles saiam sempre de mãos dadas, olhares medíocres e preconceituosos tentavam os censurar, comentários maldosos eram sussurrados, mas o melhor era vê-los todos os dias, juntos, se entregando ao amor e no final trocando aquele beijo.

domingo, agosto 02, 2009

Ele fazia parte de uma lista

Todas as mulheres por mais diferentes que aparentam ser umas das outras, acabam por possuir algo em comum, o desejo de um homem que as complete. Mas que homem seria esse? Qualquer um que pudesse completar o vazio, o sentimento ou o profundo desejo feminino. As mulheres desejam e desejam, querem um homem completo. Alguém para lhes esquentar nos dias de frio, jogar conversa fora na madrugada de insônia, ir ao cinema, sair para dançar, lhe dar presentes, abrir a porta do carro, fazer amor muito bem feito, fazê-la rir o dia inteiro, fazê-la sentir a mulher mais linda do mundo e até mesmo agüentar ele fritar seus miolos resmungando que seu time foi para a segunda divisão. Como um homem desses não existe com todas essas características, o jeito é ter todos, uma para cada ocasião, que nem vestido de festa. Chegou a vez das mulheres fazerem dos homens os seus objetos e muitas já os fazem e são, lógico, bem mais discretas que eles, sem deixar se quer um vestígio. Não importa a idade, seja de vinte ou quarenta, solteira ou casada, elas querem se sentir completas. Outro dia ouvi um papo de amizade colorida; sem querer se envolver, ela que tinha acabado um relacionamento, recebia sempre convites para sair, mas acabava recusando. Certo dia acabou cedendo, afinal de contas o pretendente de certo modo a deixava de pernas bambas. Ela se viu nos braços deste homem, deixou de ser romântica, nada de jantares, passeios ou lugares públicos e muito menos telefonemas para perguntar como foi o seu dia. Por outro lado muita energia sobre os lençóis, aquela química louca, pele e cumplicidade. Essa “amizade colorida’’ como dizem, só lhes colocava num grande risco, o de se apaixonarem e envolverem com todo aquele movimento, coisa que poderia facilmente acontecer. Ela jamais imaginou estar com alguém simples e puramente por sexo. Depois deste objeto sexual ela teve vários outros em sua lista, o boyzinho que era o seu troféu para sair, o baladeiro, o que lhe acompanhava em suas viagens, o intelectual para os papos cabeça, o muito gato para ficar horas beijando, dentre outros sem muita lembrança. Assim foram seus relacionamentos, uns fúteis outros nem tanto. Todos nós já tivemos relacionamentos fúteis, e quem nunca teve? Ela foi vivendo assim, da sua lista de homens conseguiu uma proesa, todos em um só. Felizmente encontrou aquele que fazia o serviço completo. Se casaram e ele jamais soube que fazia parte de uma lista de possíveis pretendentes e que um dia seria escolhido para lhe completar.

domingo, julho 26, 2009

Sem Palavras
foto: reprodução
Sinal de “eu te amo’’

Sexta-feira à noite, bar lotado, ela resolve levantar para retocar a maquiagem no banheiro, mas na verdade o que queria mesmo era conferir quem de interessante marcava presença no ambiente. Tenho uma amiga que diz que é geralmente no caminho do toalete que acontecem as grandes surpresas, bom pelo menos para ela é assim. Em sua frente dois caras gesticulando, sinais e mais sinais com as mãos e toda aquela confusão aparentemente armada para chamar a sua atenção. Ela com duas doses de dry martini, entra na brincadeira e começa a gesticular na tentativa de interagir, afinal de contas, os caras eram totalmente atraentes. Poucos segundos, já não entendendo mais nada, ela descobre que na realidade, os dois eram surdos! Tudo explicado e muito complicado agora para o lado dela. Não entendendo quase nada, eis que ele gentilmente tira do bolso o celular e começa a escrever mensagens e mais mensagens para se comunicar com ela. Bendito seja o celular, salva a gente de cada uma! Ela foi gostando da situação e logo foi aprendendo uns sinais, se saindo bem na comunicação. Teve atitude e não criou nenhuma barreira em relação aquela deficiência. Aos poucos foi aprendendo que ao invés de falar no pé do ouvido, deve-se olhar dentro dos olhos e falar pausadamente; que para começar uma conversa, basta tocar levemente em seu braço. E assim foi acontecendo aquela noite e eles adorando toda a situação. A música estava rolando e ela quis saber como é que eles dançavam uma vez que não ouviam o som. Na verdade, eles sentem o som pelas vibrações das pernas e dos pés, e de quebra, dão aquela olhadinha para os que dançam. É de arrepiar! Foi numa dessas olhadinhas que um deles arrancou um super beijo dela. Sem palavras, afinal de contas, naquela situação elas não serviriam para nada, ela retribuiu todo aquele afeto. Tem momentos na vida que valem a pena serem vividos fora do convencional, digo sair do nosso habitual, do que estamos acostumados. Devemos nos permitir experimentar outros “mundos”, conhecer o outro lado da história. Parece muito louco falar de dois mundos, mas é assim que alguns surdos classificam o mundo: os das pessoas que ouvem (os ouvintes como eles classificam) e dos surdos. Vamos fazer com que estes dois mundos se unam, e então trocar experiências, comportamentos e aprendizados. Devemos respeitar todas as formas de comunicação e estar receptivas a elas. Sabe aquela história de que todo amor é cego, surdo e mudo. Pois bem, o dela agora era só surdo!

segunda-feira, junho 22, 2009

foto: reprodução da internet

Casamenteira

Na busca incessante por um marido, ela com seus 25 anos, já começava sua caça pelos arredores da cidade, coitada, sem muita opção. Da sua tia ouviu diversas vezes que marido não se conhecia em balada e sim no acaso, na padaria, no açougue ou escolhendo tomate no mercadinho. Ave Maria! Se tivesse esse pensamento aparentemente limitado nos dias de hoje, talvez não teria seu desejo concretizado. Muito mimada, nunca havia pisado num destes lugares anteriormente, a não ser quando sua mãe viajava e ela depois de muita coragem, concentração e meditação, saia de casa para comprar um congelado no supermercado. Inúmeras foram às vezes que ela, bela no vestido colado, cabelo escovado, unhas feitas e perfume fatal, saía para balada a procura de seu amor. Dessas aventuras, trazia de volta apenas ilusões, junto ao corpo cansado e a maquiagem desfeita, misturados no cheiro insuportável de cigarro, do ambiente fechado. As palavras de sua tia faziam certo sentido. Alguma mulher aí poderia fazer um bem social e compartilhar com as outras, revelando a onde estão os homens que querem se tornar maridos? Provavelmente essa espécie encontra-se na lista dos vivos em extinção e esse segredo por mais amigas que sejam uma das outras, mulher nenhuma compartilha, todas querem o seu e ponto final. Se você foi apresentada ao seu marido por uma amiga, considere-se a minoria nos dados estatísticos. Continuando sua incansável busca, nada de acasos e baladas, ela quis inovar, fisgou seu marido na internet. Irreverente, não? Meio de conhecer outras pessoas e que vem ficando cada vez mais natural, talvez nem tanto para sua avó, a internet ultrapassa qualquer barreira ou alfândega pelo mundo. Das conversas em salas de bate papo, para algo mais íntimo digamos assim, se adicionaram no msn. O namoro virtual começou com intermináveis trocas de fotos, canções, cartas vindas pelo correio para deixar a coisa com um toque romântico, presentes entregues nas datas especiais e muito sexo virtual para agüentar a fissura do tão sonhado primeiro encontro, isso sem falar das diversas noites mal dormidas, quando os apaixonados se revezavam nas madrugadas, tidos como reféns do fuso-horário. Quem diria a internet que surgiu no período da guerra fria para a troca de informações militares, hoje da uma de cupido e facilita um tanto a aproximação das pessoas. O primeiro encontro já aconteceu e mais apaixonados eles estão. Se deram tão bem e tiveram sorte, afinal de contas não é todo dia que uma história virtual atravessa fronteiras e tem um final feliz. Estão programando o casamento que acontecerá aqui no Brasil e com transmissão virtual pela internet para os convidados que estarão do outro lado do mundo. Disso tudo, dêem graças à “santa internet”, continuem agarradas com Santo Antônio, pois pode ser que numa dessas viagens virtuais você descubra qual é o endereço deste homem que quer se casar!

quarta-feira, junho 17, 2009

Esse amor...
foto: reprodução da internet
No final da adolescência, já se transformando em mulher, ela começava a definir seu gosto pelo outro sexo. Segura de si, diferente de suas amigas da mesma idade, ela precocemente voltava todo o seu olhar para os homens que tinham uma idade acima da sua. Achava que os meninos da sua idade não eram maduros o suficiente para entender dos livros que lia, das músicas que ouvia e de outras afinidades que julgava imprescindíveis de serem compartilhadas num relacionamento a dois. De certo modo, seu pensamento era sensato, afinal de contas as meninas amadurecem bem antes que os meninos. Foi levando a vida assim, seus namoros, fazendo suas escolhas, deixando as coisas acontecerem naturalmente, até que o jogo se inverteu. Se viu num beco sem saída ao conhecer um cara oito anos mais novo que ela. Aconteceu! Beijos, encontros, mais beijos, programas, hora com a cara dela, hora com a cara dele e assim foram levando o relacionamento. Nesse namoro ela provou uma nova energia, um novo desejo, misturados com emoções que lhe serviram como um desses chás que lhe prometem a juventude, e que neste caso, prometeu e foi cumprido. E haja juventude! Juntos passaram a fazer tudo com mais intensidade, viajar, praticar esportes, badalarem em festas, isso só comentando o campo social. Ela deixou de lado todo e qualquer tabu que a impedisse de viver esse relacionamento e por mais que tentasse escolher a idade de seu namorado, o amor chegaria sorrateiro para lhe dizer que para amar, não precisa ter idade.

domingo, maio 24, 2009

foto reprodução: Cildo Meireles “Desvio para o vermelho” (Instituo Cultural Inhotim - Minas Gerias)

Dois Novos Amores

Há um mês da programada viagem para a fabulosa London city, ela resolve conhecer seu mais novo grande amor. Resolve não, porque se tivesse que resolver se apaixonar na véspera do embarque, jamais submeteria a este, digamos assim, contratempo amoroso. Justo no momento em que se permitiu sentir livre, longe de todos, sem apego a ninguém, eis que este rápido amor surge, sem ao menos dar a chance de defesa. Depois de médicos, advogados, professores e empresários, diferentes de todos que já teve, com suas palavras doces e seu jeito tranqüilo, às vezes meio aéreo, ela se vê invadida pelo amor de um artista plástico. Tudo muito rápido, assim como as coisas acontecem hoje. Se apaixonou ontem e viajaria amanhã. Foi assim, tão de repente e quando se deu conta, já estava na porta do museu internacional britânico de arte moderna, a Tate Modern. Indicado por quem? Por seu fast lover, claro! Entrando no clima e já enrolando seu inglês, se viu entusiasmada por este amor, querendo respirá-lo, senti-lo bem perto e conhece-lo mais, saber de seus interesses, do que o faz mover. Ela foi então apresentada ao artista plástico Cildo Meireles, ou melhor, pôde conhecer sua mostra que acontecia na Tate. Meireles é considerado um dos mais importantes artistas da nossa cena contemporânea. Ele é um artista brasileiro. Vai me dizer que nunca ouviu falar dele? Tudo bem, está perdoado, ela também não conhecia seu trabalho até então. A mídia não costuma explorar a fundo as artes plásticas em suas pautas, não a privilegia o quanto deveria. O jeito é você ligar o radar e ir em busca desta informação ou se preferir, se apaixonar por um artista plástico. Qual a melhor opção? Não importa, o que importa é que na mostra ela conheceu mais sobre o mundo das artes plásticas, de quem a vive. Nas salas da mostra de Cildo, somos convidados a interagir com seis mil fitas métricas e mil relógios (”Fontes”), na outra com uma torre de rádios sintonizados em estações diversas (”Babel”), ou ainda no quadrado onde você pisa em milhares de moedas, literalmente andando sobre dinheiro (“Mission/Missions”). No Brasil Cildo tem seu trabalho (“Desvio para o vermelho”) exposto no Instituo Cultural Inhotim (Minas Gerias). Ela jamais imaginaria pisar ali, sua intenção mesmo era conhecer todos os pubs londrinos, aqueles famosos inferninhos noturnos. Tudo mudou! Como valeu a pena se apaixonar na véspera daquele embarque. Ela conheceu um novo mundo. Agora, de volta ao Brasil, tem dois novos amores: as artes plásticas e o tal artista plástico. Faça o mesmo, se permita, apaixone-se também e aproveite para vivenciar possibilidades e apreciar coisas novas.

domingo, fevereiro 15, 2009

Amor de Folião
foto: reprodução


O carnaval está aí e o que ela mais quer? Não vê a hora de cair no samba e sentir o som tocar num só ritmo, envolvendo aos poucos seu coração, entregando todo seu corpo para essa batida. Quer mais é se jogar na folia e sentir todo aquele suor vindo de corpos embriagados de paixão e energia. Samba, suor e paixão, combinação perigosa! Que reação isso poderia causar? Amor, essa seria a reação. Um amor de folião, desses que duram apenas quatro dias e o máximo que se pode dizer é que foi bom o tempo que durou, mas que sem dúvida será inesquecível. Todas as fantasias se afloram na multidão carnavalesca, colombinas e mascarados, todos assediando e sendo assediados, brincando de amar e ser amada. E quem não gosta desta brincadeira? Dias e noites são emendados uns nos outros na orgia de seus muitos desejos. Não há tempo para descanso. Vários olhares, múltiplas possibilidades para dois corpos se sentirem únicos na magia do carnaval. E ela se deixa levar com pretensão, assim como todos ali. O carnaval é uma festa louca, para loucos conscientes de que na dura quarta-feira, essa doce ilusão, regada a beijos e serpentina, termina! Descobre então que este amor, que surgiu na empolgação do momento, veio fantasiado e é desmascarado aos berros pela dor do coração, de que tudo acabou e ficou lá, misturado nas cores dos confetes jogados no chão. Saciada de afeto, nunca mais soube desse brevíssimo amor de carnaval, fugaz e disseminado na emoção!

domingo, janeiro 04, 2009

Em 2009 elogie mais!


Quero começar o ano da melhor forma possível. E haja pretensão! Mas quem não quer iniciar o ano cheio de pensamentos bons? Vamos todos então combinar de nos enchermos de energia positiva e realizar a troca delas uns com os outros. A melhor forma de realizar essa troca é através dos elogios. Resolvi que este ano vou elogiar mais. Quero elogiar. Quero soltar em alto e bom tom elogios sinceros, honestos e ditos na hora certa! Isso faz bem e é bom. O elogio bem feito espantada a insegurança e levanta a nossa auto-estima. Preste mais atenção e repare nas pessoas ao seu redor, observe o que elas fazem de melhor e teça seus elogios. Motive-as! Não deixe passar em branco o que deve ser ressaltado de positivo em uma pessoa. Crie o hábito de elogiar, mas sempre com sinceridade, sem ser importuno, pois o efeito pode acabar sendo o contrário. Elogios constroem e transformam as pessoas. Outro dia assistindo a um teatro de rua ao lado de poucas pessoas, pude notar a insegurança do artista pelo pouco público ali presente. No percorrer da intervenção artística, aos poucos mais pessoas se aproximaram, conseqüentemente os aplausos e risos foram se multiplicando. Foi notório o brilho no olhar do ator, este que se sentiu mais confiante e deu o melhor de si naquela apresentação. Assim como os artistas, nós também precisamos de aplausos nas cenas do nosso dia-a-dia. Todos nós temos algo de bonito para ser reconhecido. Então aceite o elogio, nunca o recuse. O Elogio é um presente dado a você. Aceite-o com elegância, agradeça tal ato e se possível retribua-o, desde que não pareça ser falso. Quem já recebeu um elogio sabe o poder que essas palavras ditas possuem. Exercite essa atitude e em 2009 elogie mais!